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Displays: uma melhor imagem para o Brasil

October 27

Estratégicos para diversos setores industriais, os displays ganham novas e importantes características a cada dia: alta resolução, fidelidade à cor, telas panorâmicas de pequeno volume e peso, além de baixo consumo de energia. Os avanços tecnológicos estão transformando estes componentes em sistemas completos. O objetivo é alcançar a capacidade de processamento do sistema visual humano.
Uma tendência já observada é a crescente substituição dos tradicionais tubos de raios catódicos (cathode Ray tubes ou CRTs) pelos painéis delgados (flat panel displays ou FPDs). Hoje o mercado de FPDs já ultrapassa US$ 10 bilhões e tem um crescimento anual de cerca de 20%, segundo dados da Society for Information Display (SID).


Para dar maior atenção a esta tecnologia no Brasil, foi criada na década de 90 a Rede Brasileira de Mostradores de Informação (BrDisplay) – braço brasileiro da Rede Iberoamericana de Mostradores de Informação (LatinDisplay). Na linha de frente deste trabalho, estão Carlos Ignácio Zamitti Mammana, ex-diretor do CenPRA (Centro de Pesquisas Renato Archer), e Alaide Pellegrini Mammana, atual diretora da Associação Brasileira de Informática (Abinfo), coordenadora da BrDisplay e diretora do Capítulo Latino Americano da SID (Latin-American SID Chapter).
Segundo Alaide, o Brasil possui um mercado com muitos tipos de produtos em pequenas quantidades cada. Nos próximos anos, a TV digital deve ocupar um espaço privilegiado e demandar um volume bastante significativo de displays que, segunda ela, são a parte mais cara dos sistemas eletrônicos e de informática, representando muitas vezes mais de 70% do custo dos equipamentos.


Tão importante quanto o desenvolvimento de novas tecnologias na área é a estratégia de inserção dos produtos brasileiros no mercado mundial. “A fabricação de displays no país pode e deve ser feita, mas precisamos de uma estratégia que nos permita participar da forte competição internacional, onde os displays já se caracterizam como ‘commodities’”, enfatiza a coordenadora da BrDisplay.


O artigo “Desafios e oportunidades em displays: a situação brasileira”, escrito por Alaide e Victor P. Mammana, chefe da Divisão de Mostradores de Informação do CenPRA, mostra que, se por um lado há usuários que anseiam por grandes displays, por outro, há demanda pelos de menor porte e custo. Assim, 90% dos displays fabricados anualmente não têm grandes áreas de tela e não exibem imagens coloridas e de alta resolução, como é o caso dos displays de relógios, calculadoras, brinquedos, jogos, bombas de gasolina, câmeras digitais e outros. Estes, em geral de cristal líquido, devem ter menos que cinco polegadas na diagonal, não podem custar caro, devem consumir pouca energia e nem sempre precisam emitir luz.


O artigo mostra que o mercado de sistemas portáteis e móveis, em expansão, motiva o desenvolvimento de tecnologias para novas aplicações, com exigências de menor custo e melhor desempenho, inclusive condições extremas de temperatura, ambientes agressivos, sujeitos a vibração e a choques. Surgem, assim, oportunidades em novos dispositivos, com novos paradigmas, que dependem de novos materiais, processos e equipamentos.

Oportunidades para o Brasil


Um estudo minucioso realizado na década de 80 pelo CenPRA (na época CTI) mostrou a importância e a viabilidade de se fabricar LCDs no Brasil. “Nossas pesquisas em LCDs despertaram o interesse de empresas como o Bradesco, que em 1985 nos convidou a analisar a tecnologia da Epson e, a partir dela, estruturar um projeto par a fabricação destes displays no Brasil”. Naquela época, a Epson ocupava a terceira posição dentre os fabricantes mundiais.


“Projetamos para o Bradesco uma fábrica para produção de um milhão de unidades/mês de displays LCD-TN (de pequenas dimensões, estáticos e multiplexados) com a tecnologia da Epson. Iniciamos um programa de P&D em LCDs no CenPRA com poucos recursos”, explica. Segundo ela, isso se traduziu num grande esforço para implantar essa tecnologia no país, abrangendo desde a pesquisa dos dispositivos, materiais, processos e equipamentos, como o desenvolvimento de um processo completo e a instalação numa pequena linha piloto para a fabricação de protótipos e pequenas séries.


“Ela entrou em operação em 1989 e vem operando com processos e equipamentos desenvolvidos in house para fabricar protótipos e pequenas séries de LCDs-TN. Já produziu mais de 150 protótipos diferentes para atender empresas e instituições de P&D, tanto do Brasil quanto do exterior. Mais recentemente passou a incorporar processos para a prototipagem de displays eletroluminescentes orgânicos (OLEDs)”, diz.
“Apesar da simplicidade e dos poucos recursos, pudemos desenvolver processos e dispositivos inovadores”. Mas o apoio não foi maior e o grupo teve que lutar contra dificuldades como compor e manter as equipes – em sua maioria composta de estudantes que, quando formados, deixavam o laboratório em busca de empregos”, lamenta.


Algumas empresas instalaram pequenas plantas industriais para a produção de LCDs com a tenologia do CenPRA, mas os negócios não estão se desenvolvendo com a velocidade requerida para acompanhar a evolução do setor, que se caracteriza pela alta competitividade e alta rapidez nas inovações. “Precisamos assumir uma postura agressiva para promover a inserção competitiva do país em displays, tendo em mente que estas tecnologias requerem uma sólida base científica e tecnológica”, afirma Alaide.

Box:
De 12 a 15 de novembro, acontece em Campinas/SP o LatinDisplay 2007 – evento que integra o XIV InfoDisplay, XI BrDisplay, o IX Latin SID Seminar e o IX DisplayEscola. Mais informações:
www.brdisplay.com/latindisplay2007

Fonte: Viviane Bulbow – revista Saber Eletrônica – Especial Displays - setembro de 2007

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