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"A Colombia no LatinDisplay", Jaime Acosta Puertas, Site do LatinDisplay 2010/IDRC 2010, 04/11/10

December 23

Tenho tido a sorte de participar de vários congressos LatinDisplay. A longa amizade com a professora-doutora Alaide Pellegrini Mammana e com seu esposo, professor-doutor Carlos Ignácio Zamitti Mammana, propiciou-me ocasiões para pensar, com eles, uma América Latina mais pró-ativa, inovadora, empreendedora, criativa, inteligente, integrada e interdependente. Dando seguimento a essas reflexões, quero mostrar aqui como um país em desenvolvimento tem buscado encontrar um espaço na pesquisa e na produção de novas tecnologias.
Os eventos LatinDisplay eram discretos, de alto padrão acadêmico, com uma participação generosa da região latino-americana, um marco digno de austeridade e um dedicado trabalho de uma pesquisadora brilhante e empenhada, como a professora Mammana.
Poderíamos dizer que todos os eventos de que participei em Campinas (SP), no CenPRA, eram dessa natureza. Sem dúvida, seu nível acadêmico foi crescente ao longo dos anos e, por isso mesmo, a participação dos demais países latino-americanos foi se reduzindo enquanto o Brasil avançava nesse segmento e os demais países iam dele se distanciando.
Recordo que, há três anos, fiz no LatinDisplay 2007 uma apresentação em que afirmei: "A Colômbia não está gerando condições para a produção e muito menos para o desenvolvimento de displays. Nossa política de competitividade industrial não dá importância à abertura de espaços para setores avançados em tecnologia. Não há uma visão geoestratégica de futuro. Por isso nossas capacidades de investigação são menores e estão em outras áreas muito distintas. Com a liberação unilateral da economia no início dos anos 90, avançar em uma nova industrialização foi um tema que nunca esteve na agenda dos governos, empresários e universidades".
No ano de 2008, não assisti ao LatinDisplay, mas retornei em 2009 para o evento em São Paulo. E então me deparei com um enorme salto qualitativo. Os conferencistas internacionais eram do mesmo nível dos convidados dos anos anteriores, mas seu número havia multiplicado, assim como os campos de aplicação dos displays. Participantes de outros países latino-americanos eram poucos. O Brasil avançara e nós não. O Brasil já era uma potência em ascensão na geopolítica dos países emergentes que compõem o BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), dentro da ordem política e econômica mundial.
Os displays tornaram-se uma atividade explícita e estratégica da política industrial brasileira (Política de Desenvolvimento Produtivo). Especialistas do governo federal brasileiro mostraram os avanços do Brasil e apresentaram com propriedade a liderança do país em setores avançados como os de aviação, bio-combustíveis, exploração de petróleo em águas profundas, bem como mostraram os grandes montantes de recursos para apoiar a Política de Desenvolvimento Produtivo.
Entre as mil empresas que mais investem no mundo em investigação, desenvolvimento e inovação (I + D + i), a América Latina só tem presença através de três empresas brasileiras: Embraer, Petrobras e Braskem.
De todos os avanços tecnológicos que foram mostrados no evento de 2009, pude viver a experiência de um deles: o notebook. Para minha geração, de quase 60 anos de idade, esta experiência foi um desafio, como todos os esforços que temos tido que fazer como última geração a adentrar o mundo das novas tecnologias. Minha conclusão, logo depois de receber em minhas mãos um mega livro virtual, é a seguinte: lerei textos técnicos em meu notebook. Continuarei a ler literatura, arte e design em livros de papel. Isso quer dizer que a tecnologia ainda tem desafios pela frente.
Para terminar esta nota, farei o esforço de analisar se países como a Colômbia têm uma oportunidade em displays.
Nos últimos anos fiz trabalhos em temas de economia e política industrial para uma agência do estado colombiano e escrevi e coordenei os documentos das políticas de C & T, desenvolvimento produtivo, inovação e comércio internacional, para o partido político que ficou em segundo lugar nas recentes eleições presidenciais da Colômbia. Nos 25 dias antes do primeiro turno das eleições estávamos à frente e arranhávamos o sonho de uma possível mudança para a Colômbia: uma mudança baseada em educação, ciência, tecnologia, desenvolvimento produtivo e desenvolvimento das regiões e cidades de inovação.
Deixamos uma semente. A Colômbia deve pensar em altas tecnologias e, para isso, deve gerar condições para uma política industrial, ciência e tecnologia, educação e desenvolvimento regional, em atividades e setores de alto valor agregado e de impacto estratégico no sistema produtivo nacional e dos países vizinhos.
A Colômbia está avançando no desenvolvimento de uma indústria aeronáutica e naval, tendo à frente o presidente Juan Manuel Santos. Nesse contexto, Brasil e Colômbia acabam de assinar um acordo de cooperação e de produção de aviões e navios.
Também estamos redobrando esforços para sair logo da armadilha mental do subdesenvolvimento nas questões de pesquisa e produção. O orçamento para C&T será, em 2012, de 1% do PIB e a política de desenvolvimento regional deve impulsionar pólos de alta tecnologia como os de Innobo e RINN (Região de Inovação) em torno do novo aeroporto internacional do Distrito da Capital; a Cidade da Saúde, também em Bogotá; a Cidade da Inovação, em Manizales, onde acaba de ser criado um grande centro de investigação em bio-informática; e a Rota N, em Medellín, onde a HP é a primeira empresa a ter uma sede.

De imediato, podemos antever que há espaço para a América Latina nos displays e, claramente, que o LatinDisplay 2010 será um grande sucesso.

* Consultor da Innobo e diretor técnico da RINN (Regiões de Inovação) da Colômbia

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