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Evento quer tornar indústria brasileira competitiva no mercado mundial de displays e seus aplicativos

November 14

O segmento de displays e dispositivos correlacionados é debatido desde o último dia 12 pelos principais representantes da indústria e dos centros de pesquisa internacionais da área. Eles estão reunidos no LatinDisplay 2007, evento que acontece em Campinas (SP) para promover a troca de informações sobre inovações desse mercado, tendo em vista apresentar oportunidades para a inserção competitiva do parque industrial brasileiro e ibero-americano, permitindo a esses países disputar um segmento que alavanca mais de US$ 100 bilhões anuais em todo o mundo, levando-se em conta somente os displays de LCDs (sigla em inglês que significa ‘telas de cristal líquido’).

 
“O mercado de displays cresce com taxas astronômicas. No segmento de mostradores de grande área para TVs, o incremento chegou a 60% ao ano. É impressionante!”, observa a física Alaíde Pellegrini Mammana, uma das organizadoras do LatinDisplay 2007. O problema a ser vencido pelo segmento mundial, diz a professora-doutora que é titular da Faculdade de Engenharia Elétrica da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), é que esses mostradores representam a maior parte do custo dos monitores de vídeos, encarecendo os produtos para o consumidor, como ainda ocorre com os televisores com alta definição de imagem. “Tornou-se um desafio para os envolvidos em pesquisa e desenvolvimento em todo o mundo reduzir seus valores”, ressalta.

 
Para o Brasil, um evento como o LatinDisplay 2007 é importante porque o país luta para equilibrar a balança comercial nacional deficitária no setor eletroeletrônico, formado pelos segmentos de informática, telecomunicações, eletrônica de consumo (em Manaus) e componentes eletrônicos, onde estão incluídos os semicondutores e displays. Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), o déficit do complexo eletroeletrônico em 2006 foi de US$ 9,7 bilhões, um aumento de 31% em relação a 2005. Números do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) mostram que apenas as importações de displays foram de US$ 786 milhões em 2006, um incremento de 43% comparados ao ano anterior. Para este ano, os resultados das importações prometem ampliar ainda mais o déficit da balança comercial no setor eletroeletrônico.


No último dia 15 de outubro, o governo federal publicou um decreto que regulamenta o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de Semicondutores (Padis), ligado ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), justamente para tentar reverter esse quadro negativo de importações e viabilizar a competitividade brasileira no mercado internacional de eletroeletrônico. O Padis, que oferece incentivos fiscais federais (IPI, PIS/COFINS, IRPJ e CIDE) às empresas que investirem em pesquisa e desenvolvimento (P&D) no país, trouxe uma novidade: o apoio às novas tecnologias de displays, como Plasma (PDPs), LCDs e OLEDs (sigla em inglês que significa diodo orgânico emissor de luz).


Essa iniciativa pública é vista com bons olhos pelos pesquisadores nacionais, como o físico Victor Pellegrini Mammana, do Centro de Pesquisas Renato Archer (CenPRA), de Campinas. “Nossa Divisão de Mostradores da Informação do CenPRA realiza um trabalho que abrange o ciclo completo de desenvolvimento e fabricação de mostradores e de outros dispositivos relacionados, como telas de toque, tablets e janelas inteligentes. A forte interação com o setor industrial garante o aproveitamento dos resultados das pesquisas por empresas já existentes e por outras especialmente criadas para absorver as tecnologias nele desenvolvidas. Assim, como pesquisador, acho que um programa como o Padis tem potencial para o setor de displays”, acredita Mammana, que é chefe da divisão do CenPRA.


Segundo ele, é preciso que o Brasil faça frente a esse problema das importações e adote mudanças de paradigmas, pois não dispõe de cadeia produtiva capaz de atender esse mercado de porte que é o segmento de displays. “Trata-se de uma tecnologia que não se improvisa rapidamente, leva décadas para ser implantada. Lá fora essa cadeia produtiva é eficiente e integrada. Temos, como um dos caminhos para reverter esse déficit, fazer a parte final do display, e não ele todo, imitando o modelo que a China adotou”, ressalta o pesquisador.

Fonte: Assessoria de imprensa do LatinDisplay 2007


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